Uma interminável espera de quase 50 horas marcou o distrito de Carobeira, em Ilhéus, no sul da Bahia. A energia elétrica, interrompida sem aviso prévio na última sexta-feira, só foi restabelecida após intensas cobranças da população local, que acumula prejuízos com alimentos estragados, eletrodomésticos queimados e a sensação de abandono por parte da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba). A apenas 6 km da zona urbana, a comunidade questiona: até quando o descaso com o interior persistirá?
Em mensagens enviadas à redação do site O Tabuleiro, moradores relataram situações críticas. Geladeiras transformaram-se em depósitos de comida estragada, com carnes, laticínios e medicamentos perdidos. “Perdi tudo que tinha para o mês. Sem aviso, não deu tempo de salvar nada”, desabafa Dona Ana Cristina , dona de casa.
Mas o problema vai além da falta de energia. Oscilações constantes na rede, segundo relatos, queimaram aparelhos essenciais: TVs, bombas d’água e até chuveiros elétricos. “Toda vez que a luz volta, é um susto. Desta vez, minha bomba d’água parou. Devo Gastar mais R$ 500 para consertar”, reclama o pequeno agricultor José Ricardo.
A insatisfação com a concessionária não é nova. Em Ilhéus, cidade turística cujo setor hoteleiro depende de infraestrutura estável, empresários reclamam de quedas recorrentes.
Apesar das múltiplas reclamações registradas no site da Coelba e nas redes sociais, moradores afirmam que a empresa não oferece compensação pelos danos. “Eles dizem que ‘vão verificar’, mas nunca resolvem”, critica o líder comunitário Antônio Carlo.
Ilhéus reflete um cenário estadual. Dados do Procon-BA mostram que, em 2023, a Coelba liderou o ranking de reclamações por falhas no fornecimento de energia. Para especialistas, o caso de Carobeira evidencia a urgência de investimentos em infraestrutura e transparência. “A população paga por um serviço essencial e não pode ser tratada como secundária”, afirma Carlos Moraes, engenheiro elétrico.
- Enquanto isso, Carobeira segue em alerta. A cada oscilação na rede, o medo de novos prejuízos recai sobre quem já aprendeu a viver no fio da energia.
Fonte: O Tabuleiro